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Brenda Fucuta

Por que ter orgulho do seu filho LGBT é tão importante

Brenda Fucuta

28/06/2019 04h33

Foto: Suhyeon Choi/Unsplash

Mães e pais costumam ter orgulho das conquistas e qualidades dos filhos. No passado, também tiveram orgulho do gênero dos filhos homens. Pais têm orgulho de filhos bem-sucedidos e inteligentes porque conquistas e qualidades valem mais do que derrotas e defeitos em nossa sociedade. E, no passado (não tão distante), tiveram orgulho dos bebês meninos porque homens valiam mais do que mulheres.

Por este raciocínio, pais de filhos gays, transexuais, lésbicas e bissexuais deveriam ter mais orgulho dos seus filhos? Eles valem mais do que filhos heterossexuais?

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Tenho dois filhos, um hetero e cisgênero. Outro, gay. Tenho orgulho dos dois, mas não preciso declarar orgulho pelo gênero e pela sexualidade do primeiro filho. Nunca tive necessidade de dizer, numa conversa com amigos, ou em um texto aqui, neste espaço, por exemplo: "Ah, tenho tanto orgulho porque meu filho gosta de namorar mulheres!".

O mesmo não acontece com o meu segundo filho. Com o consentimento dele, não deixo passar uma oportunidade para falar sobre a homossexualidade. Como mãe de um filho gay, preciso declarar meu orgulho. Sempre.

Por quê?

Segundo a pesquisa Growing Up LGBT in América, do HRC (Human Rights Campaing, ONG de defesa dos Direitos Humanos), o maior problema de um em cada quatro entrevistados gays é o de não ser aceito por suas famílias. A rejeição, por sua vez, faz com que eles cresçam com mais propensão à depressão e ao suicídio.

A primeira vez que vi familiares apoiando filhos homossexuais foi em uma parada gay em São Francisco, nos Estados Unidos. À época, vinte anos atrás, era a mais famosa das paradas gays, um evento turístico. Vi mães marchando na rua (lá, não existe a alegria da nossa parada, o pessoal apenas anda ou desfila) com faixas que diziam Proud mom (Mãe orgulhosa), uma derivação do Gay Pride (Orgulho Gay).

LGBTs, negros, mulheres e outras minorias ainda precisam reafirmar seu orgulho por serem quem são. Não precisariam se eles fossem respeitados e aceitos assim como os heteros, os brancos e os homens.

Espero que este dia chegue para eu guardar minha camiseta de Mãe orgulhosa na gaveta. Até que isso aconteça, declarar o orgulho de ser mãe de um filho gay é uma questão de amor, de proteção e de resistência. Quem tem orgulho de seus filhos, os valoriza, não os esconde e nem se envergonha deles. Ao contrário, está dizendo ao mundo que eles merecem viver, amar e celebrar.

No Dia Internacional do Orgulho LGBT, 28 de junho, precisamos de mais pais orgulhosos.

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Sobre a autora

Brenda Fucuta é jornalista, escritora e consultora de conteúdo. Autora do livro “Hipnotizados: o que os nossos filhos fazem na internet e o que a internet faz com eles”, escreve sobre novas famílias, envelhecimento, identidade de gênero e direitos humanos. Além de entrevistar pessoas incríveis.

Sobre o blog

Reflexões de uma jornalista otimista sobre nossa vida em comum

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