Alguns homens ainda acham que a pensão vai para a ex e não para os filhos
Ouço a conversa de dois jovens pais que foram obrigados a pagar pensão alimentícia aos filhos. Estão revoltados. Um deles diz que não ganha, no mês, a quantia da pensão determinada em juízo. O outro reclama que seu dinheiro será desperdiçado pela ex. Enquanto conversam, lembram, um ao outro, que adoram seus filhos e odeiam as mães deles.
Por que é tão difícil, para muitos pais, entenderem que dar parte de seus ganhos para o sustento dos filhos não é absurdo? Que medo é este de que o dinheiro vá ser gasto pela mãe com "coisas para ela" e não para a criança?
Veja também
- Perguntar se a filha gosta mais do pai ou da mãe já era
- A amizade entre as mulheres ainda é contaminada por inveja
- Quando seus pais viram seus filhos
A ameaça de prisão em caso de não pagamento da pensão alimentícia é assustadora, claro. E existe muita gente com renda variável, gente que de fato pode não conseguir fazer, no mês, o que foi determinado que eles paguem aos filhos. Entendo tudo isso. Mas crianças precisam comer, se vestir, se divertir, se educar todo dia, certo?
Me pergunto de onde vem o medo de que o dinheiro vá ser gasto pela ex-mulher. Fruto de uma visão antiga –e machista– sobre a responsabilidade na criação dos filhos? Uma visão que ainda associa crianças a um projeto de casal, e não de dois adultos? Explico. Muitas vezes, me parece que, para muitos pais, acabado o casamento, acaba também a responsabilidade sobre os filhos.
Até mesmo a responsabilidade emocional pode desaparecer. Nessa semana, a coluna da jornalista Monica Bergamo, na Folha de S.Paulo, publicou a seguinte notícia: a Justiça autorizou, pela primeira vez, que o nome de uma pessoa fosse modificado porque tinha sido dado por um pai que a abandonou. Ao rejeitar o nome, a filha adulta tratava de esquecer a rejeição do pai.
Quantas histórias de abandono não conhecemos? Vamos lembrar que mais de 30% dos lares brasileiros são chefiados por mulheres, o que dá uma pista sobre a quantidade de mães solo no país. Por acaso, é muito comum que os juízes estabeleçam o valor das pensões alimentícias em 30% da renda.
Nunca conheci uma mãe, divorciada ou solo, que achasse injusto gastar 30% dos seus ganhos mensais com a família. Em geral, gasta-se tudo. Ou seja, me parece que pais que ficam com dois terços de sua renda para gastos próprios estão no lucro.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.