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Brenda Fucuta

6 dicas para controlar o tempo que seu filho fica no tablet ou celular

Brenda Fucuta

27/11/2018 04h00

 

Foto Annie Spratt/Unsplash

Qual o tempo máximo que posso deixar meu filho na internet? Nas palestras que dou sobre o livro Hipnotizados (Ed. Objetiva), esta é a pergunta que mais ouço de familiares preocupados com o impacto das telas na saúde de crianças e adolescentes.

Os pais estão assustados. Temem que seus filhos virem zumbis digitais, que não mais apreciem o contato interpessoal, que se tornem dependentes de youtubers, de conversas nas redes sociais, de seriados, de games. Se, por um lado, esse temor lembra muito o pânico diante de outras grandes novidades tecnológicas – como a TV, nos anos 50, por exemplo –, por outro, a revolução digital provocou uma mudança sem precedentes nos nossos hábitos. Os adultos estão assustados porque eles próprios se sentem perdidos sem o apoio do Waze, do WhatsApp, das buscas no Google, do e-commerce.

Então, para estes pais, costumo responder com outra pergunta: qual o tempo que vocês conseguem controlar? Isso porque não existe uma resposta definitiva para a questão do tempo ideal. No Brasil, segundo levantamento da agência global Wearesocial, de 2018, ficamos 9 horas por dia conectados, em média. Isso significa que um adolescente gasta o dobro do tempo online do que nas salas de aula. E, provavelmente, fica mais na internet do que dormindo.

Ou seja: é muito tempo, por qualquer parâmetro que usemos – os pediatras, tanto os norte-americanos quanto os brasileiros, ainda utilizam a regra de nenhuma tela até os 2 anos de idade e, depois, toleram um aumento gradual conforme o amadurecimento da criança. Mas, com um celular na mão, poucas crianças e adolescentes conseguem limitar o uso da internet a uma fração do seu dia.

Por isso, a pergunta: qual tempo que você, pai ou mãe, consegue controlar? Separei aqui uma série de práticas, aplicadas mundo afora, que pode auxiliar as famílias nesta batalha:

  1. Tente levar as grandes telas – TV, monitor de videogame, desktops e notebooks – para longe do quarto. O sono – principalmente o sono do adolescente – é o maior prejudicado pelo excesso de telas. Em 2016, a Sociedade Brasileira de Pediatria informou que 21% dos adoles­centes deixaram de dormir ou de comer para ficar conectados
  2. Pelo mesmo motivo, combine um horário – e um lugar – para que o celular seja desligado e carregado fora do quarto. Horário: 8 a 9 horas antes do momento de acordar. Local: a cozinha ou a sala são boas opções para carregar os celulares da família.
  3. Estabeleça momentos celular free – como os horários das refeições.
  4. Retarde ao máximo a hora de dar um celular de presente ao seu filho. Lendas do Vale do Silício – como Steve Jobs, Bill Gates e o escritor e ex-editor chefe da revista Wired Chris Anderson – esperaram que os filhos entrassem no ensino médio para terem direito a um smartphone. E, se eles estão preocupados, vale a pena ficar atento também.
  5. Se você preferir, desligue o wifi da casa em determinada hora do dia. Um famoso psicólogo norte-americano, Nir Eyal, que presta serviços para as empresas de tecnologia, adota esta prática na sua casa.
  6. Conheça a política de uso de celulares por alunos na escola do seus filhos. Se for permissiva, não tenha vergonha de reunir outros pais preocupado com o tema. Juntos, vocês podem propor uma reflexão sobre o assunto.

Por fim, não se desespere. Seria ingenuidade imaginar que vamos conseguir reduzir o tempo de tela de forma extrema. Mas se conseguirmos preservar o sono das crianças e dos adolescentes, já é um bom começo.

Sobre a autora

Brenda Fucuta é jornalista, escritora e consultora de conteúdo. Autora do livro “Hipnotizados: o que os nossos filhos fazem na internet e o que a internet faz com eles”, escreve sobre novas famílias, envelhecimento, identidade de gênero e direitos humanos. Além de entrevistar pessoas incríveis.

Sobre o blog

Reflexões de uma jornalista otimista sobre nossa vida em comum

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